Na busca interminável de uma nova rota para os Índias, localizada na Ásia, os europeus encontraram a América. Pensando ter encontrado às Índias, os habitantes destas terras foram denominados "Índios".
Vinte anos atrás, em 1988, o povo brasileiro manifestou o respeito pela natureza pluriétnica e pluricultural do país. A Constituição Federal reconheceu que a diversidade de visões e de modos de vida dos povos que
aqui vivem deveria ser respeitada e sua sobrevivência garantida. Esta vontade, no entanto, não se transformou em fato. Ao contrário, os ataques contra os indígenas seguem sendo praticados pelo Estado, por grupos e indivíduos.
Mais que isso, o Estado e toda a sociedade devem transformar sua percepção sobre os povos indígenas. Eles não podem ser vistos e tratados como um estorvo. Deve-se valorizar profundamente a contribuição da matriz indígena para a formação da identidade nacional e o modo sustentável dos povos indígenas de convivência com a natureza.
Da mesma forma, o Estado precisa considerar os indígenas ao programar o crescimento do país. Isso não ocorre quando cerca de 450 projetos de infra-estrutura incidem em terras indígenas, sem que seus
habitantes sejam devidamente consultados. A presença dos povos indígenas se torna um empecilho para os que buscam um desenvolvimento que favorece apenas as grandes empresas e o agronegócio, exigindo liberação de terras para o cultivo de monoculturas. Por outro lado, é valorizada pelos
que buscam um desenvolvimento orientado para a vida, a paz, a preservação ambiental, o respeito ao outro e o bem-estar social.
"Diante do lamentável retrato das violências, a sociedade brasileira precisa assumir o compromisso de garantir um futuro digno para todos os povos indígenas do país. um futuro onde as crianças não encontrem a morte na ausência de médicos e remédios e os jovens não busquem a morte como forma de escapar da realidade. Um futuro onde haja vida plena, onde haja uma terra sem males.
Por: Richard P. Mello